Nossa "nova" moto, nova para nós, pois havíamos rodado com ela pouco mais de 10.000 km em viagens pela volta neste pouco mais de 1 ano desde que a adquirimos, foram poucas viagens de mais de mil km e esta seria de mais de 7.000 km's.
Isto me deixava um pouco apreensivo, pois já era uma moto com mais de 14 anos de fabricação e já havia passado dos 60.000 km no hodômetro. Nossa guerreira Suzuki GS 500E, ano 2003, se mostrou valente e com muito fôlego ainda e recebeu o apelido de "vovó" durante a viagem por conta da sua companheira de viagem bem mais nova.
Neste dia mal pude dormir, estávamos eufóricos com a partida da viagem, eram muitas coisas que passavam pela cabeça, foram dois anos planejando e revendo locais para passear e visitar,
- otimizar o tempo sem deixar nada de importante para ver,
- se o clima iria ajudar,
- se a minha estimativa de gastos estava correta, se o dinheiro reservado ia dar para toda viagem,
- será que revisei tudo na moto e não esqueci de nenhum detalhe? Afinal, optei por desmontar e revisar a moto em casa, assim teria conhecimento de que tipo de ferramenta levar e ter ideia da moto que tinha na mão. Enfim, eram muitas coisas que passavam pela cabeça.
Havíamos convidado um casal de amigos para ir junto nesta viagem, eles iriam em outra moto Suzuki, só que esta, mais nova, mais moderna e mais potente que a minha, uma Gladius 650 cilindradas.
Já estava acordado quando o despertador chamou as 3:30hs da manhã. Havíamos combinado de sair cada um de suas casas as quatro horas da manhã e nos encontraríamos na estrada. Eu moro mais perto da rodovia que pegaríamos, então chegaria antes deles, mas como costuma andar a 100 - 110 km/h e nossos companheiros de viagem andam mais rápido, a ideia é de que eles nos alcançariam em breve.
Eu já havia deixado a moto carregada e pronta na noite anterior, só tomaríamos um café e partiríamos.
Saímos dez minutos atrasados do nosso horário marcado, mas não esquentei a cabeça, afinal estávamos de férias.
O clima estava bem agradável, e seguíamos a BR-293 em direção a Uruguaiana, onde atravessaríamos a nossa primeira fronteira.
Mas em pouco tempo de viagem ao passarmos o vilarejo de Alto Alegre, onde meus avós maternos nasceram, cresceram e se conheceram. Ali senti alguns pingos de chuva na viseira do capacete, paramos para colocar as capas de chuva e poucos minutos e alguns km's a frente a chuva já era torrencial e seguiu assim sem diminuir, pelos próximos 400 km.
Depois de alguns desencontros, conseguimos ligar para o casal que nos acompanharia na viagem e nos encontramos em um posto de combustível na entrada da cidade de Santana do Livramento.
Motos abastecidas, seguimos viagem por mais 258 km em direção a Uruguaiana.
A chuva nos castigou bastante neste trecho da viagem, foi torrencial até a aduana. Os intercomunicadores começaram a falhar e dar ruídos, tamanha chuva e umidade que haviam pegado, tiramos eles e guardamos, mas só começariam a voltar ao normal cinco dias depois.
Fizemos todos os trâmites e seguimos viagem, pois ainda era cedo e pretendíamos rodar até o final da tarde.
Quando chegamos na aduana a chuva já havia diminuído e pouco menos de meia hora rodando em solo argentino o sol começou a surgir e em pouco tempo já nos castigava por volta das duas horas da tarde.
Então começaram as intermináveis retas das estradas argentinas e neste trecho a paisagem era monótona e não nos convidava a apreciá-la, mantínhamos velocidade cruzeiro entre 120 e 130 km/h.
Ao final da tarde já cruzávamos a ponte entre Resistência e Corrientes e apreciávamos o imponente Rio Paraná.
Em Resistência ficamos hospedados na nossa primeira noite no hotel Bariloche, não tem muito luxo, mas bem aconchegante e barato.
Saímos para comprar algo para comer e acabamos comprando algumas coisas em um supermercado e preparamos algo para comer no hotel com dois litros de cerveja Quilmes para acompanhar.
Eu e Arthur degustando uma Quilmes no hotel
Depois da janta, conferi o nível do óleo da moto e engraxei a correia para deixar tudo pronto para o dia seguinte.
Km rodado do dia, 983 km
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