domingo, 14 de fevereiro de 2016

Tacuarembó - Treinta y tres e Quebrada de los cuervos - 1.358 km rodados

           1º Dia
       Queríamos aproveitar o feriado de carnaval e sabíamos que seria de moto, mas o destino era incerto. A princípio iriamos rodar pelas serras do RS e SC, mas conforme a data da partida se aproximava as previsões do tempo se mantinham de que seria um feriado com muitas chuvas.
      A Princípio para a serra iriamos entre quatro motos, mas dois amigos decidiram fazer um roteiro próximo do original e a Laísa e eu decidimos mudar a rota e fugir das chuvas, pelo menos por uns dias de viagem.
     Conversamos com a Camila e o Dênnis (o qual tínhamos feito a Trip pela beira da praia em uma das primeiras viagens relatadas aqui no blog, naquela época fomos só eu e o Dênnis) e decidimos descer pro sul em direção ao Uruguai. Iriamos pra Tacuarembó no Uruguai, pois tínhamos notícia de um encontro de moto que ocorreria lá, e como nossa ideia inicial era de acampar, esse novo destino cairia bem. Nosso encontro seria em Santana do Livramento na fronteira com o Uruguai, pois o Dênnis e a Camila haviam se transferido para Arroio do tigre, uma cidadezinha do interior do RS, onde estão trabalhando por lá. Pretendíamos sair após o almoço e chegar no meio da tarde em Santana do Livramento, mas precisávamos ligar para alguns clientes e resolver algumas questões profissionais antes de sair e acabamos saindo de Pelotas as 15 hs pelo horário de verão, tentamos rodar o máximo possível com o mínimo de paradas possível, mas por volta das 17 hs após passar o trevo de acesso de Bagé o Dênnis me liga e atendi pelo meu comunicador para não perder tempo e eles já se encontravam em Santana do Livramento e ainda restavam um pouco mais de 150 Km para chegarmos lá.

A unica parada que fizemos no caminho.

      Rodamos 338 km desde que saímos até o próximo abastecimento a alguns km´s antes de chegar em Santana do Livramento, depois do nosso reencontro, comemos um lanche, procuramos uma casa de câmbio, mas como já passara das 19 hs foi difícil achar algo aberto ainda, acabamos fazendo câmbio com um pessoal na beira da calçada, fiquei meio inseguro na hora, mas ocorreu tudo bem. Eu já havia feito o seguro da carta-verde (seguro obrigátório para entrar com um veículo nos países da América Latina) antes de sair da minha cidade, o Dênnis acabou fazendo a dele enquanto eles nos esperavam em Santana do Livramento. Depois fomos na aduana e fizemos os tramites da entrada no Uruguai, depois de uns 15 minutos, já estávamos rodando em direção a Tacuarembó, e ainda tínhamos 120 km pela frente.
     O sol tardou a se por, o que nos ajudou, pois acabamos andando um pouco mais de 30 minutos durante a noite. Depois eu e o Dênnis conversamos e concordamos em não gostar de andar de moto durante a noite, o que acabou sendo uma rotina na viagem.
     A primeira coisa que fizemos ao chegar foi montar as barracas e o acampamento e saímos para comer algo e beber as deliciosas cervejas uruguaias.



2º Dia


As fotos foram tiradas no dia seguinte, pois no dia que chegamos, só queríamos comer, relaxar e descansar.



Nossos vizinhos de acampamento, dois argentino de Mar del plata e um uruguaio de Montevideo.


   Enquanto as mulheres dormiam e descansavam um pouco mais, eu e o Dênnis que temos o costume de acordar cedo, fizemos um mate (ou Chimarrão, como alguns chamam) e saímos para caminhar pelo Balneário Iporá, local do evento de encontro de motos, e tirar algumas fotos do local, pois o nascer e o por do sol tem as melhores iluminações para fotos de paisagens. Segue algumas fotos.
















  Após retornarmos ao acampamento, as mulheres acordaram (ou acordamos elas, conversando entre nós), esperamos elas se arrumarem e fomos tomar café, nossa ideia inicial era almoçarmos e partir em direção a Quebrada de los Cuervos em Treinta y tres, mas ao conversarmos, acabamos decidindo ficar mais uma noite, pois o lugar era muito bonito e ainda não tínhamos conhecido tudo. A seguir um mapa do local e do roteiro que faríamos mais adiante.


  No café, descobrimos uma tradição do encontro que era de ir visitar um memorial aos motociclistas, e a saída era as 10 hs da manhã (11 hs no nosso horário de verão).

 Preparativos para saída



  
 Dênnis e Camila


  Alguém muito azarado foi sair de uma propriedade com uma carreta de ovelhas (vazia) e errou a saída, o azar dele é que vinha a Polícia Camineira nos escoltando e deve ter dado alguns problemas para o motorista, pois a policial saiu abanando a habilitação dele.


Laísa e Camila, aproveitando a parada para tirar mais algumas fotos.

Uma irmã gêmea uruguaia da minha Discover.

Vamos seguir viagem que o problema já foi resolvido

Chegada no local



Memorial



Com os termômetros marcando 32º C, a sobra estava concorrida.


Turma reunida

Mano Quinhones e Maria Celi da cidade de Santa Maria

Aproveitamos e fomos visitar o museu de Carlos Gardel










    Aqui a turma toda reunida, da esquerda para a direita, Laísa, Camila, Chis Perez (nosso vizinho de acampamento de Montevideo, muito atencioso e prestativo), Gardel, Dênnis e eu.



Nosso guia, Chis Perez, explicando para o Dênnis o funcionamento de um telefone antigo.






Camila e Dênnis





    Enquanto tirávamos fotos, nosso guia nos aguardava pacientemente para nos levar de volta para o acampamento, pois a essa altura do passeio já estávamos perdidos.




Retornando



Chegada no Balneário e um tour





As 14 hs decidimos ir almoçar e beber um pouco para afastar o calor.

E um banho no lago para afastar o calor também

Amigo Nestor de Montevideo

  Jantamos e assistimos uma apresentação de danças do folclore gaucho uruguaio, no final da apresentação eles tiraram algumas pessoas da platéia para dançar também, muito bom.

Dênnis foi selecionado para a dança

Vai uma 'parrilla'?

Fomos assistir alguns shows antes de ir dormir e descansar para o dia seguinte, "cair na estrada" novamente.









3º Dia


   Acordamos e fomos tomar café, desmontamos o acampamento e preparamos as motos, já eram quase 10 hs quando estávamos saindo.
   
   Despedida de nossos vizinhos de acampamento, Angelito (que ganhou premiação do encontro como o motociclista mais experiente do encontro e o que viajou mais longe pra chegar até lá, foram 1400 km só de ida) e Miguel (que me contou várias histórias sobre suas viagens, uma delas ele rodou por 3 anos em uma moto 600cc e percorreu mais de 200 mil km pela América do sul, daria um livro) ambos de Mar del Plata na Argentina e Chis Peres (nosso guia) de Montevideo.


   Resolvemos ir visitar um zoológico que vimos a entrada no dia em que chegamos na cidade. Tive a impressão que todas as cidades que são capitais dos 'departamentos', tem um zoológico.

Javalí ou porco selvagem


Gato do mato ou gato selvagem


Esse estava bem bravo


Ema, "parente do avestruz".
















Laísa e Camila descansando e se hidratando na sombra


    Saímos do zoológico por volta do meio-dia, como precisávamos abastecer, decidimos que iriamos pegar a Ruta 26 e iríamos parar no primeiro posto de combustível que encontrássemos e iriamos abastecer e comer. Depois de rodar por uns 40 km a moto do Dênnis começou a entrar na reserva, então paramos no acostamento para decidir as opções e nisso parou um carro uruguaio e perguntou se precisávamos de ajuda (todo uruguaios que encontramos e tivemos contato se mostraram muito prestativos), ele nos informou que havia um posto de combustível no vilarejo Ansina  uns 20 km á frente, o que nos deixou mais aliviado, pois estávamos cogitando de voltar e abastecer em Tacuarembó, o carro que nos informou sobre o posto, seguiu viagem nos acompanhando até o posto de combustível, quando passou na frente nos fez sinal e seguiu. 
   Ao chegarmos em Ansina, descobrimos que havia um único posto de combustível e estava fechado até as 15 hs, e próximo posto de combustível ficava a quase 60 km adiante. Como ainda não era 13 hs, significava que teríamos que esperar um bom tempo, tentamos achar a casa do atendente do posto com a indicação de alguns moradores local, mas sem sucesso. Almoçamos ali e esperamos até o posto abrir.

   Aguardando o posto de combustível abrir, depois de ter almoçado, em uma sobra com um calor muito forte, que passava dos 30ºC.






     Depois de abastecermos, seguimos viagem. E confirmamos que o próximo posto ficaria muito arriscado rodar só com a reserva da moto, fizemos uma boa decisão. Pegamos um trecho de uns logos quilômetros com asfalto ruim e por horas ele simplesmente sumia e ficava uma estrada de terra, mas nesse mesmo trecho passamos por máquinas no acostamento, sinal de que estavam reformando.



    Finalmente chegamos a cidade de Melo e voltamos para as excelentes estradas uruguaias, onde podemos recuperar um pouco do tempo perdido com o posto de combustível fechado e com os trechos ruins de estrada.


Pausa para descansar e tirar mais umas fotos




Mais uma parada para fotos





    Passamos pela entrada da Quebrada de los cuervos já quase escurecendo e as motos necessitariam abastecimento, pois ainda faltavam 40 km pra chegar em Treinta y tres, e uma placa sinalizava mais 25 km de estrada de terra para chegar a Quebrada de los cuervos no sentido contrário a cidade, ao somar as quilometragens vimos que o combustível nas motos não seriam suficientes para fazer todos os trajetos, então decidimos seguir adiante e abastecer em Treinta y tres e jantar por lá, quando chegamos para abastecer já era noite e então decidimos ficar acampados em um camping da cidade, o que se mostrou ser a decisão mais acertada.

Montando acampamento com os faróis das motos





4º Dia


Motos carregadas, prontas para irmos tomar café da manhã e seguir o roteiro

   Acordamos cedo, desmontamos acampamento, fomos ao posto de combustível da Ancap para tomarmos um café da manhã e ir em direção a Quebrada de los cuervos.

Placa na beira da estrada sinalizando a entrada pela estrada de terra

Casa de pedra abandonada ou tapera como dizem por aqui

  
     Iniciando a trilha, os atendentes nos aconselharam a ir a pé, pois estávamos com as motos muito pesadas pra ir com elas, mas ao longo dá estrada que leva a trilha, não vimos dificuldade em ter passado com as motos, mas valeu o exercício.

















   A melhor parte foi se refrescar, pois estava muito abafado e suamos muito, aproveitamos para reabastecer os cantis na águas cristalinas.




A subida estava difícil, o Dênnis que o diga.

A Camila sofreu um pouco para subir também

Enfim, o final da trilha


   Preparando as motos para retornar a Treinta y tres, reabastecer e poder pegar a ruta 17 para voltar para casa.




    Voltamos e abastecemos no mesmo posto de combustível em que tomamos o café da manhã naquela mesma manhã, o restaurante que havia na frente já estava fechado, não descobrimos se não abriu naquele dia ou se era por causa do horário que chegamos que encontramos ele fechado, já eram quase 15 hs. Comemos no posto de combustível mesmo, para não tardar o nosso retorno.
    Quando nos preparávamos para subir nas motos, começou a chover, então descemos e colocamos as capas de chuva e seguimos viagem, andamos direto sem paradas até a fronteira, a uns 40 km antes da fronteira a chuva se tornou intensa.
     Por volta das 19hs chegamos na fronteira, havia uma chuva constante, eu e a Laísa vinhamos conversando ao passar em cima da ponte da fronteira entre os dois países, quando me dei conta, estávamos com as rodas em cima de uma travessia de trilhos de trem e estávamos no meio dos trilhos e paralelos a eles. Não havia mais a opção de abrir a volta para cruzar na diagonal, nem a opção de parar pois o transito estava intenso, minha única opção foi diminuir o máximo que dava para uma segunda marcha, tentei virar a roda dianteira o mais devagar possível, mas a roda dianteira prendeu entre uma pequena acomodação entre dois trilhos e a moto foi ao chão, a Laísa abriu a perna e ficou em pé, eu sai tentando me equilibrar e ficar em pé e acabei caindo sentado na calçada. Um policial uruguaio da fronteira surgiu rapidamente para ver como estávamos, como ví que a Laísa estava bem minha preocupação se voltou para a moto, tentei levantar sozinho, mas antes de começar a fazer força o Dênnis e o policial já estavam me ajudando a erguer a moto. Olhei a moto e os protetores fizeram a sua função, apenas o plástico do protetor de mão sofreu um leve arranhão e a minha pedaleira avançada que uso para esticar as pernas em viagem que fica presa no protetor de motor entortou, subi na moto e com o pé coloquei ela para o lugar, apertei o botão do arranque e após alguns segundos ela voltou a roncar como sempre, a alegria voltou e vimos que não passou de apenas um susto ou talvez um aviso para não nos distrairmos mais conversando, mesmo em velocidades baixas. Após agradecer o policial e depois de rirmos da situação por algum tempo, voltamos para as motos e seguimos.
     Paramos em um posto de combustível em Jaguarão, abastecemos e comemos algo para seguir viagem. Ali já nos despedimos, conforme recomendam que "motociclistas se encontram e despedem na estrada", pois já eram os últimos 150 km daquela viagem. Antes de chegarmos a cidade de Arroio Grande a chuva se tornou intensa, os veículos diminuíram a velocidade, alguns ligavam o pisca alerta e rodavam em baixas velocidades. As mão doíam com a batida dos pingos da chuva não mão sem luvas, pois não quis levar as luvas de inverno para reduzir a bagagem. Eis que surge uma vantagem de motos trail em viagem, com pneus com agarradeiras grandes que andam bem na água e com o peso das bagagens e seus ocupantes, podemos manter uns 100 km/h sem problemas, as viseiras continuavam nos proporcionando a mesma visão de antes. 
   Seguimos com aquela chuva porte por quase uma hora da viagem, mas quando estávamos chegando de volta a Pelotas a chuva começou a diminuir, até que quando chegamos no trevo da cidade ela já havia parado. Com algumas buzinadas nos despedimos, pois o Dênnis e a Camila ainda rodariam mais 40 km até a cidade da mãe do Dênnis, onde dormiriam e no dia seguinte voltaria para sua cidade Arroio do tigre distante 355 km dali. Chegamos por volta das 22 hs em casa, cansados e molhados, mas felizes e com um gostinho de "quero mais". Então vamos nos programar para a próxima.





Até a próxima,

7 comentários:

  1. E isso ai Diego!!! Parabéns pela descrição cinematográfica! Mais uma vez a sua shina deu orgulho!

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  2. Parabéns amigo Diego pelo lindo blog e pelos relatos de suas viagens. Obrigado por nos inserir (eu Maria) através de foto no seu Blog. Abraços a você e Lais...foi um prazer conhece-los

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  3. Parabéns amigo Diego pelo lindo blog e pelos relatos de suas viagens. Obrigado por nos inserir (eu Maria) através de foto no seu Blog. Abraços a você e Lais...foi um prazer conhece-los

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  4. Show de bola Dieguito, viajei na sua narrativa e nas suas fotos, cara aquela Parrilha que coisa de de louco!!!. Asim que pegar minha magrela quero fazer um rolê legal também. Vou acompanhar seus posts. Vlw irmão.

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    1. Valeu Gladiston, essa parrilla tava muito saborosa, hehehe...
      Eu que agradeço a visita, forte abraço

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